domingo, 24 de janeiro de 2016

"Ideias são à prova de balas"


      V de Vingança (2005), filme dirigido por James McTeigue, produzido por Joel Silver e pelos irmãos Wachowski, que também escreveram o roteiro. É uma adaptação da série de quadrinhos publicada pela DC Comics, a música é "Cry Me a River" (Arthur Hamilton/1953), cantada por Julie London. "Por baixo dessa carne existe uma ideia, e as ideias, nunca morrem, ideias não são só carne e osso, ideias são à prova de balas" (V). Capacidade de pensar e questionar, eis um direito que muitos querem roubar do homem, talvez o maior dos direitos, que confere liberdade mesmo a um ser humano aprisionado a tantos deveres da vida moderna, ao tempo, à necessidade constante de se informar e prosperar. 
      Os falsos religiosos e que arrogam serem donos das almas, que prendem as almas em auditórios luxuosos e adornados com ícones, sejam feitos de matéria ou de ideias, e as mantém presas com promessas de receberem muito, fazendo pouco, mas pagando bastante, querem calar o coração para que esse não perceba que tudo que os homens podem dar são cadeias com grades feitas de seus limites e vaidades. Os políticos ruins, com as mesmas intenções, têm menos originalidade, usam os dois elementos já comprovados, pão e circo, para prenderem a atenção das pessoas, enquanto sugam o sangue delas até as transformarem, não em ovelhas, mas em bodes, bodes aleijados, sem chifres.
      Bodes sem chifres nunca serão ovelhas, por mais que as vistam com hábitos religiosos e as hipnotizem com rezas, contudo, rapidamente se transformarão em lobos, trazem em si o DNA espiritual do mal de seus pais, lobos alfas, não pastores. Pastores criam ovelhas, e engana-se quem acha que ovelha não pensa, bodes não pensam, e é justamente na ociosidade que o mal ganha vida e transforma bodes em lobos. Com o tempo, os bodes, que viraram lobos, envelhecem, e os alfas terão concorrência para suas posições e poderes, novos predadores ávidos por sangue de gente que não quer questionar, apenas seguir cegamente pseudos nefilins, com o carisma de Lúcifer, altos como semideuses, sobre seus egos, de olhos brilhantes, vozes suaves, pés rápidos e mãos ágeis.
      As almas pensantes, todavia, sobrevivem às "zumbizações", teimam em conhecer e entender, não aceitam magia como poder para criar algo do nada, sabem que tudo tem causa e efeito, só o amor cria do nada, mas aí não é magia, é milagre, virtude que nenhum deus realmente possui de fato. Seguem solitários, os que não aceitam demônios disfarçados de santos, que se sentem parte de nada, porque tudo é falso, seguem buscando alguma coerência, algo que faça sentido, seguem angustiados e acusados, mas livres, livres para pensarem e serem aquilo que realmente são, e mesmo que morram suas ideias permanecerão vivas, para sempre. 

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